terça-feira, 23 de agosto de 2016

Aspectos Neurológicos de Aprendizagem

    No Brasil, em torno de 40% das crianças na escola apresentam dificuldades no processo de aprendizagem escolar. A grande maioria desta cifra decorre de insuficiências do ambiente pedagógico, falta de infraestrutura, baixo nível de capacidade didática do professor, problemas emocionais ou por questões culturais e incoerências curriculares. Uma parte destas crianças, porém, podem não conseguir aprender adequadamente por motivos internos, intrínsecos, oriundos, de uma disfunção cognitiva específica que nada tem a ver com o ambiente em sua volta, mas definido por inadequado funcionamento cerebral que afeta sua capacidade de absorver e memorizar aprendizagens que dependam do acesso fluente à leitura, à escrita e à habilidade matemática. São os Distúrbios ou Transtornos de Aprendizagem.
   Esta condição não tem forma física e não costuma levar a alterações em exames médicos, fazendo com que sua identificação seja difícil e subestimada em muitas crianças portadoras. Afetam aspectos pontuais do desenvolvimento infantil e do seu comportamento, especialmente em tarefas que exigem percepção e memória e estes surgem mais contundentes na fase pré-escolar e escolar. Muitas vezes, os professores consideram estes sinais normais e “no tempo da criança”, pois não existem em nosso país mecanismos na área educacional que sustentem o conceito de “etapas normais de aprendizagem escolar” desprezando quaisquer parâmetros. Este contexto desestimula a sua identificação e o diagnóstico muitas vezes só será cogitado e, por extensão, confirmado no período final do Fundamental I ou no início do Fundamental II.
   Atualmente, nas classificações de transtornos mentais, os Transtornos de Aprendizagem são enquadrados como um transtorno de desenvolvimento, isto é, que aparece na fase de desenvolvimento neuropsicomotor e modifica aquisições de determinadas habilidades cognitivas de linguagem e de percepções visuais, espaciais e auditivas levando a problemas significativos de aprendizagem dos símbolos gráficos sem, no entanto, prejudicar a capacidade intelectual/inteligência. Sempre devemos suspeitar de sua existência quando uma criança ou adolescente inteligente e autônomo em seu cotidiano não consegue manter o mesmo nível de aquisição de aprendizagem na escola ano a ano em comparação com seu potencial e com a turma que o cerca. Dificuldades na memorização de sequências de números, de dados de leitura, de figuras espacialmente dispostas e a percepção inadequada da forma e do som das letras em idade que não se admite e tendo esta criança em estimulação escolar adequada desde tenra idade, podem ser um valioso sinal de alerta.
Por ser uma criança com potencial intelectual preservado (e até acima do normal), esta fica ansiosa, estressada, com baixa auto-estima e com a sensação frequente de frustração e incompreensão com os paradoxais resultados de sua aprendizagem, pois fora da escola ela tem uma performance normal. As cobranças da família se avolumam a cada bimestre, tanto direcionadas para o filho quanto para a sua escola, a qual é colocada em xeque e no centro de constante desconfiança e conflito a cada reunião de pais com professores. A incompreensão acerca do que está acontecendo gera discussões, ameaças e uma fratura na relação dos educadores com a família.
   Portanto, frente a este panorama, a escola e a família devem prontamente buscar avaliação interdisciplinar. Esta criança deve ser encaminhada para uma sequência de avaliações com diversos profissionais de áreas afins (psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e médicos especializados) com o intuito de analisar profundamente seu quadro – embasado em manejo clínico e desenvolvimental – com aplicação de testes específicos para interpretar melhor seus déficits cognitivos, na linguagem e nos processos perceptivos e de memória em direção a um diagnóstico definitivo.

Fonte: Neuro Saber

sábado, 20 de agosto de 2016

A atuação do Psicopedagogo no contexto escolar

Tratar a importância do psicopedagogo no contexto escolar é considerarmos a importância do processo de socialização que se dá no âmbito escolar, isto é, a função da instituição escolar qual seja socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo através da aprendizagem. Desta forma, o psicopedagogo sendo o profissional que objetiva trabalhar os elementos que envolvem a aprendizagem, tem seu objeto de estudo assinalar os fatores que favorecem, intervêm ou prejudicam uma boa aprendizagem, ou seja, o ato de aprender e ensinar e a influência do meio (família, escola, sociedade) para o desenvolvimento de cada um.
Assim sendo, no contexto escolar, sua importância está na relação interdisciplinar que envolve os educadores e outros profissionais da instituição, propondo realizar um trabalho qualificado na área da educação – na melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para diminuir a frequência dos problemas de aprendizagem; diminuir e tratar os problemas já instalados e por fim, eliminar os transtornos já instalados. Cabe salientar, que o fazer profissional do psicopedagogo busca desenvolver e expandir a personalidade do indivíduo, favorecendo as suas iniciativas pessoais, suscitando interesses, respeitando os gostos, propondo e não impondo, permitindo a opção.
Pode-se considerar ainda que, é de suma importância o trabalho investigativo que se dá diante do diagnóstico do psicopedagogo. Onde irá desenvolver sua prática no convívio escolar com foco no indivíduo aliado ainda a família e ao corpo institucional, ou seja, professores e educadores que acompanham a criança e/ou adolescente, afim de identificar as fragilidades que dificultam o processo de aprendizagem e intervir.                   

Psicopedagogia Clínica e Institucional

          
A Psicopedagogia tem como subsídio duas linhas de trabalho, a citar, clínico e a institucional, as quais estão atreladas a buscar soluções para o usuário, bem como orientar os pais e educadores, na tentativa de mediar os conflitos existentes no meio escolar e social.
O (a) profissional de Psicopedagogia clínico atua em clinicas, dando suporte terapêutico direto a criança, ao jovem ou adulto que dele necessitar. Nesses atendimentos o profissional deve utilizar de várias técnicas criativas como jogos, entrevista, dinâmicas, questionário, conversa informal dentre outros métodos que facilitará chegar a um diagnóstico preciso do paciente, bem como buscar métodos para a resolução do problema na perspectiva de contribuir com o resgate de valores, de participação, e ressocialização ao meio escolar e social – tendo como princípio fundamental o processo de aprendizagem.
Já a Psicopedagogia Institucional se faz presente nos espaços hospitalares, empresas, escolas e outros lugares pertinentes à atuação desse profissional. Com o objetivo de prestar assistência aos profissionais da educação, no que tange ao desenvolvimento do ensino aprendizagem e, buscando métodos de trabalhos para prevenir futuros problemas de aprendizagem. 

Assim, a atuação nesses ambientes em questão, o profissional utiliza de um olhar crítico da realidade em que estão inseridos – buscando trabalhar com dinâmicas de participação, desenvolver projetos propícios aos educadores e educandos, o que fortalece as relações entre instituição/alunos/os pais e sociedade. Desenvolvendo ações preventivas na perspectiva de formar cidadãos politizados.